Depressão

27/10/2010 17:33

Entrevista dada pelo psiquiatra Dr Fernando Avelar Tonelli, publicada no Jornal Tribuna Popular (Cacoal, Rondônia) em 21/08/2009
1) Depressão e tristeza são a mesma coisa?

O termo depressão tem sido usado comumente como sinônimo de tristeza ou infelicidade. Porém, a tristeza momentânea é uma reação emocional normal que qualquer indivíduo pode apresentar como resposta a uma situação de luto ou perda. Por exemplo, após a morte de um parente ou amigo querido é normal que o nosso estado emocional seja de infelicidade, muitas vezes acompanhada de sentimentos de ansiedade e desesperança. Mas, se esses sintomas perdurarem por um tempo excessivo, não desaparecendo espontaneamente e se são exagerados, comprometendo a rotina diária ou as relações interpessoais, provavelmente o indivíduo é portador de um transtorno do humor: DEPRESSÃO

Do ponto de vista médico, é necessário que o paciente apresente uma série de características para que seja diagnosticado como portador de Depressão. Dentre estas, as mais importantes são o humor deprimido ou melancólico e a perda de interesse ou prazer, durante a maior parte do tempo. Outrossintomas frequentemente associados são: perturbação do sono (geralmente se manifesta como despertar noturno ou excesso de sono), sentimento de culpafadiga, perda de energia, diminuição da libido, lentificação psicomotora, perda do apetite (às vezes ocorre o oposto, ou seja, apetite exagerado), pensamentos ou atos suicidas, dificuldade de concentração.

2) A Depressão é uma doença hereditária?

R.: Como a maioria dos transtornos mentais, a Depressão tem múltiplas causas. Os estudos científicos mostram que há uma parcela de predisposição genética para o estabelecimento de um quadrodepressivo numa pessoa. Sendo assim, filhos de pais que já sofreram Depressão também apresentam uma probabilidade maior de virem a responder com um transtorno depressivo quando submetidos a situações de estresse psicológico intenso. Mas a herança genética está longe de ser uma sentença. Se um dos pais tem transtorno de humor depressivo, o risco do filho também ter é de aproximadamente 28%. Se ambos os pais são depressivos, o risco é 2 a 3 vezes maior, mas não é 100%.

3) Existe algum tratamento efetivo para a Depressão?

R.: Sim. Tanto os psicofármacos quanto as técnicas psicoterápicas passaram por uma grande evolução, especialmente a partir da segunda metade do séc. XX e tratamentos cada vez mais efetivos continuam sendo desenvolvidos. Para que o tratamento surta o melhor efeito, primeiramente o diagnóstico deve ser preciso e devem ser excluídas doenças clínicas que podem cursar com quadros depressivos. Por exemplo, hipotireoidismo, cânceres, infarto agudo do miocárdio, demências, AIDS, entre outras, são doenças que podem levar o paciente a ficar deprimido e, se presentes e devidamente tratadas, melhora-se o quadro depressivo muitas vezes sem a necessidade do uso de medicamentosantidepressivos.

Se for diagnosticada a Depressão primária, esta deve ser tratada o mais precocemente possível. Existem várias opções de antidepressivos e diferentes técnicas psicoterápicas que devem ser associadas para uma resolução mais rápida e efetiva do transtorno. Como regra geral, devemos associar o tratamento farmacológico com alguma modalidade de psicoterapia (terapia cognitivo-comportamental, terapia focal, terapia interpessoal, terapias psicodinâmicas, psicanálise). Além disso, o paciente deve ser incentivado a modificar seus hábitos de vida: realizar alguma atividade que antes lhe dava prazer; praticar exercícios físicos moderados regularmente; manter uma dieta balanceada; manter um mínimo de 6 a 8 horas de sono por noite; evitar bebidas alcoólicas e tabaco; expor-se ao sol em horários apropriados.

Entrevista dada pelo psiquiatra Dr Fernando Avelar Tonelli, publicada no Jornal Tribuna Popular (Cacoal, Rondônia) em 21/08/2009.


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