A história da Homeopatia tem início com Samuel Hahneman
Christian Friedrish Samuel Hahneman (1755-1843), médico alemão de formação tradicional que se encontrava descontente com a forma de atuação da medicina de seu tempo, onde os tratamentos utilizados nesta época tinham uma conotação um tanto radical com o uso de sangrias, cáusticos e laxantes. Desistiu, então, daquela medicina que não o convencia e se dedicou à tradução de livros, mas ainda da área médica, como profissão para seu sustento.
A idéia inicial que despertou Hahnemann para a nova e particular tendência médica, foi a tradução de um artigo de Cullen, médico escocês, sobre a influência da casca de quinino, erva utilizada, naqueles tempos, no tratamento da malária. Curioso, isto o levou a experimentar ele próprio os efeitos de tal medicação. O que percebeu então foi que, ao ingerir tal substância, em determinada quantidade e frequência, passava a apresentar as manifestações mesmas da febre intermitente, tão conhecida na época, e quando suspendia o uso da droga, após alguns dias, voltava à sua condição normal de saúde.
Unindo seus conhecimentos referentes à medicina, ao resultado dessa sua experiência acima relatada e a seus estudos sobre o pensamento médico, desde seu aparecimento, a outras experiências posteriores e atenta observação das reações apresentadas frente ao uso de diversas outras substâncias em si mesmo, em seus pacientes e discípulos, Hahnemann formulou os princípios da Homeopatia a saber: (Eizayaga, 1992).
- toda substância ou droga utilizada como remédio homeopático deve ter sido antes experimentada no homem são.
- os medicamentos homeopáticos devem ser selecionados em concordância com a lei farmacológica de similitude, onde se observa que tais remédios causam, em indivíduos sadios, os mesmos sintomas que a enfermidade causaria.
- as substâncias utilizadas como tratamento devem ser administradas em doses diminutas, diluídas e dinamizadas (técnica específica para o preparo de medicamentos homeopáticos).
- as drogas homeopáticas indicadas aos pacientes devem ser de remédio único, não de complexos, onde se perderia a referência de qual medicamento estaria fazendo o efeito desejado.
Hahnemann escreveu alguns livros e artigos de um modo geral, sendo seu primeiro escrito denominado "Um novo princípio sobre as propriedades curativas de substâncias medicamentosas com algumas considerações sobre os métodos precedentes", onde perpetuou, neste e nos trabalhos seguintes, o seu conhecimento e estudo sobre esta nova arte de curar que era a homeopatia. Estudos e observações tais que o levaram a formular "um princípio de tratamento sintetizado na expressão latina Similia Similibus Curentur - os semelhantes se curam pelos semelhantes - onde a idéia básica é o médico tentar igualar os sintomas que uma droga é capaz de provocar numa pessoa saudável aos sintomas do paciente, e esta droga então é usada para tratar a doença" (Campbell, 1991).
Neste período em que viveu Hahnemann houve uma forte tendência ao uso da Homeopatia por parte de muitos médicos , visto pois o fato de a medicina ortodoxa desta época apresentar soluções muito drásticas às enfermidades, as quais, ainda segundo Campbell, eram classificadas, neste período, "em termos de tonicidade ou relaxamento, ou eram atribuídas a supostas inflamações intestinais", teoria com a qual Hahnemann não concordava, pois este, de acordo com o mesmo autor acima citado, "sustentava ser intrinsecamente impossível conhecer a natureza interna dos processos de uma doença e, portanto, infrutífero especular sobre isso ou basear o tratamento em teorias". Levando, portanto, os médicos neste período a se inclinarem a todo tratamento menos agressivo com resultados eficazes, diminuindo os riscos de vida de seus pacientes, e provocando com isto, também, uma nova onda de pesquisas.
Um diferenciado método de atendimento aos enfermos passa a ser praticado e aceito desde então. Também passam a ser percebidas e enfatizadas as primeiras anotações de Hahnemann em sua principal obra, o Organon de la Medicina que diz, como já referido anteriormente, que a "única e nobre missão do médico é a de restabelecer a saúde do doente, que é o que se chama curar" e, em seguida, que "o mais alto ideal de cura é o restabelecimento pronto, suave e permanente da saúde; é a eliminação e aniquilação da doença, em toda sua extensão, pelo caminho mais curto, seguro e menos danoso possível, apoiando-se sobre princípios claros e facilmente compreensíveis", ou sejam, as leis naturais.
E com isto, outro fato que também passa a ser considerado, de acordo com Hahnemann apud Bessa, é que "a verdadeira arte de curar só poderia ser pura ciência experimental: pode e deve repousar em fatos claros e fenômenos perceptíveis, pertencentes à sua esfera de ação, pois todos os elementos que trata são clara e satisfatoriamente cognoscíveis pelos sentidos através da experiência. Assim, o conhecimento da moléstia, do medicamento e a maneira de se aplicar um ao outro, só é ensinado, de modo correto, pela experiência e pela observação pura"(Bessa, 1994).
A Homeopatia se difundiu pelo mundo através dos discípulos de Hahnemann. Teve sua grande ascensão no terço final do século XVIII, época de seu aparecimento. Por toda mudança que ocorreu no pensamento médico e desenvolvimento científico deste período em diante, a Homeopatia inicia seu declínio, aproximadamente um século depois, por não se enquadrar nos novos moldes de experimentação dos então recém surgidos estudos experimentais da medicina ortodoxa.
Hoje com as novas descobertas na área
científica, especialmente no campo da física, ressurge a Homeopatia. E novamente crescendo em adesão, agora com base experimental, desde que atualmente, com o desenvolvimento da tecnologia, já existem aparelhos específicos e eficientes, assim como experimentações em laboratório, para a comprovação da atuação da medicação homeopática, podendo-se citar como um dos vários exemplos, as experiências desenvolvidas pelo Prof. Bastide e cols., da Faculdade de farmácia de Clermont-Ferrand, os quais, segundo Dulcetti, realizaram um trabalho com Apis mellifica 7 CH frente ao eritema por ultravioleta em cobaias albinos, e concluíram que esta substância tem ação antiinflamatória tão potente quanto os antiinflamatórios clássicos, com a vantagem da isenção tóxica.
No Brasil foi introduzida pelo médico francês
Jules Benoit Mure em 1940, que teve vários seguidores, os quais continuaram sua obra, levando a homeopatia aos diversos estados brasileiros. Atualmente, de acordo com Dulcetti, estão sendo realizadas várias pesquisas, no Brasil e no mundo. E, de acordo com Boyd, tais pesquisas têm sido realizadas também através de experimentos, evidências laboratoriais da atividade de potências homeopáticas ou pesquisas clínicas. Com estes estudos em desenvolvimento a homeopatia progride no campo científico. Estudos estes que se tornam conhecidos através dos vários congressos e seminários que acontecem pelo mundo. Existem, também diversos cursos de Especialização em Homeopatia em vários estados do Brasil.